domingo, 11 de agosto de 2019

Parar, pensar e respirar, sempre

Consequencialismo, meus caros, empreguemos isso em nossas vidas. Havemos de ter consciência de que aquilo que fazemos acarretará circunstâncias ulteriores — nem sempre favoráveis. Daí a necessidade de, ao decidir, parar para pensar, de forma atenta, com toda a concentração a que a gravidade da decisão obrigar. Não tomar decisões cardeais, e mesmo as banais, de forma açodada é uma das receitas indispensáveis para bem formular o processo decisório, qualquer que seja ele. Tal diretriz é uma semente fértil, capaz de produzir bons frutos, e que possui em seu DNA a capacidade de erradicar a erva daninha do arrependimento.

Há ocasiões em que é praticamente certo que um caminho que estamos percorrendo levará a um resultado desagradável. Mas, contra todas as indicações da razoabilidade, optamos por trilhá-lo. Nos autossabotamos. Haveremos de reclamar da nossa sorte quando o destino nos revelar a inadequação de nossa escolha?

Nasce uma fundada preocupação em meu espírito ao me deparar com as opções que o homem comum — condição na qual estou inserido — vai tomando, de forma irrefletida. O desdém pelos procedimentos democráticos que é desvelado pelo clamor por uma "intervenção militar", por exemplo. A quê se pretende chegar com tal elogio? Sem maiores reflexões, que com absoluta certeza não ocorrem a quem encampa tal desejo, as pessoas abririam mão das virtudes democráticas para, supostamente, se verem livres das imperfeições do estado atual das coisas, tudo em troca de um passado inexistente, no qual não havia democracia mas, supostamente, haveria honestidade e honradez, onde o autoproclamado "cidadão de bem" não estaria a mercê de elementos que seriam perpetradores da imoralidade ampla geral e irrestrita. Não é a verdade que mostram os livros de História. O passado idílico da era autoritária é uma fantasia alimentada pela falta de reflexão e de informação.

A falta de medida das consequências das nossas escolhas é crônica. Permeia todos os campos de nossa vida. Vemos isso, para dar mais exemplos, nos diversos meios profissionais. Vislumbramos no dia a dia atitudes esdrúxulas de chefes que, ao cabo, se voltam contra os próprios gestores, a quem faltou o bom senso de fazer um pequeno balanço de prós e contras sobre a decisão que estavam tomando. Lembro agora do caso de um gestor de uma grande empresa do ramo financeiro que diariamente, em um dado horário, condenava seus subordinados ao inclemente calor de uma das capitais do nordeste: sem maiores explicações, sem nenhuma consideração pelo conforto térmico dos pobres bancários, mandava desligar o ar-condicionado. Gerou diversas reclamações que, somadas a parcos resultados da unidade por ele comandada e a outros inconvenientes causadas pelo desastrado gerente, acabaram por provocar o rebaixamento do inconsequente comandante da unidade de negócios.

A paciência se alimenta de tempo e de respiração, contava-me minha mãe, ainda outro dia. Sábias palavras, as quais tentarei pôr em prática no meu dia a dia. Parece de bom alvitre respirarmos mais. Duas, três, quatro vezes, oxigenando o cérebro com o necessário tempo para a tomada de decisão menos estabanada, consentânea com o bom senso e com uma vida social harmônica — seja na esfera pública, no trabalho ou no meio familiar.

Que o estresse do dia a dia, a pressa, a ânsia por fazer mais e melhor, e em segundos, deixem de ser desculpas para a falta de reflexão. Precisamos pensar mais. Lembrarei das palavras de minha mãe: "a paciência come respiração". Cevemos a nossa paciência. Colheremos melhores resultados. Em todos os campos da experiência humana.

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